sábado, 18 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
domingo, 12 de fevereiro de 2017
Cromossoma C
Há muito tempo que este medo não chegava assim: eu antes só tinha medo quando era domingo depois de sábado, e tu sabias quando era domingo depois de um sábado.
Tu sabias.
Tu sabias e fazias-nos deitar mais cedo para eu não me sentir assim, para eu não sentir isto e para o domingo ser pequeno e eu não o ver muito: sim, eu não o podia ver muito.
Despias-me.
Deitavas-me na cama.
Encostavas a porta do nosso quarto e fechavas a luz.
Eu deixava-me despir por ti, deixava-me deitar, deixava que encostasses a porta do nosso quarto e que fechasses a luz para não ser domingo: a verdade é que tu sempre soubeste o que fazer por mim quando eu não soube
Eu não queria sentir e tu dizias:
- fecha os olhos um bocadinho
Eu fechava os nossos olhos um bocadinho porque o lugar onde eu acabava para tu começares a existir era uma linha a giz que bastava soprar - e não fazia mal, desde que o giz não desaparecesse, que não desaparecesses.
Eu fazia binóculos a fingir com as mãos e olhava para o tecto a saber que tu virias da sala: nós tínhamos o velho hábito de ser felizes até deixarmos de ser.
As minhas mãos eram binóculos e tu fazias o dia ser noite, fazias o domingo não ser domingo. Mas morreste. E os mortos não me sabem despir, não me sabem deitar, não sabem encostar a porta do nosso quarto nem fechar a luz.
Não, os mortos não sabem nada disso.
domingo, 5 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
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Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença
ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
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INÊS LEITÃO nasceu a 1 de Julho de 1981 em Lisboa. É licenciada em Estudos Anglo- Americanos pela Faculdade de Letras da Univer...
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porque eu já não sei escrever. -as minhas unhas, os meus dedos, a minha boca já não sabem escrever. já não sei escrever. -os meus olhos,...