segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Querida V.

 

Não sei nada de ti e são 4h00 da manhã.  Não sei como as mães sobrevivem sem saberem dos seus filhos e não sei em que escola isso se aprende.


Desde que me separei do teu pai aprendi muito sobre violência vicária - isto de pais torturarem as mães através dos filhos - mas ainda não aprendi a sobreviver à vossa partida, tão pequenos, sem mim, para um progenitor tão desestabilizado.


Ontem foste levada para dentro de casa da tua avó. Não soube mais nada de ti e vim com o Jay D. que puxei daquela casa e se estava a enfiar pela rede para chegar até mim.  Vi que falam mal de mim na casa da tua avó e sei que ouves e que não és poupada a nada nos teus quase 4 anos.


Vir daquela casa sem ti foi das coisas mais difíceis que fiz, ao mesmo tempo que achei que era o melhor naquele momento. Voltei à policia. Voltarei sempre.

Um dia que sejas adulta, talvez percebas o que foi isto de ter dois trabalhos e uma dedicação completa a vocês. Talvez me perca nisto tudo, talvez não: mas a mãe chegou até aqui.
E a vossa mãe nunca foi senhora de desistir (muito menos de vocês).


Le coeur de maman c´est toi toujours. Toujours.



("As mães" de Pablo Picasso)

Querida V.

  Não sei nada de ti e são 4h00 da manhã.  Não sei como as mães sobrevivem sem saberem dos seus filhos e não sei em que escola isso se apren...