(carta nº4)
É como num funeral pequeno. Um funeral intimista com uma pessoa
(viva)
vestida de preto e de margaridas frescas na mão.
E depois um caixão e uma morte pequena dentro dele
(são tantas as nossas mortes)
uma morte pequena
deitada,
limpa,
vestida,
desinfectada,
autopsiada,
legalizada
e fria.
Esta morte faz questão da presença da pessoa viva. Faz questão dessas mãos juntas,
do vestido preto
das margaridas húmidas nas pétalas e de um corpo vivo,
sereno,
plácido,
que lhe traga a serenidade que procura dentro do seu caixão envernizado.
Esta morte fez questão de todo o ritual, como uma mulher que aborta e quer para o seu nado-morto tudo o que o mundo lhe pode dar:
como se um dia tivesse vivido e amado.
E o luto foge-nos pelas pernas, no espaço que vai da campa à porta de casa.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença
ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
-
INÊS LEITÃO nasceu a 1 de Julho de 1981 em Lisboa. É licenciada em Estudos Anglo- Americanos pela Faculdade de Letras da Univer...
-
ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
-
porque eu já não sei escrever. -as minhas unhas, os meus dedos, a minha boca já não sabem escrever. já não sei escrever. -os meus olhos,...
Sem comentários:
Enviar um comentário