Se eu não escrever sobre ti hoje,
os meus dedos vão cair à terra sem que nada nasça deles à laia de semente,
e as minhas mãos avisaram-me que não vão aceitar outra pele;
outra pele que venha a nascer.
os meus dedos vão cair à terra sem que nada nasça deles à laia de semente,
e as minhas mãos avisaram-me que não vão aceitar outra pele;
outra pele que venha a nascer.
Se eu não escrever sobre ti agora, nem sobre os teus olhos,
nem sobre os fios que te fazem cabelo,
são as orelhas: as orelhas e logo depois o nariz a descolarem-se do meu corpo
como pessoas a cair de mim
nem sobre os fios que te fazem cabelo,
são as orelhas: as orelhas e logo depois o nariz a descolarem-se do meu corpo
como pessoas a cair de mim
(a minha cara a
desaparecer porque a seguir o meu queixo)
Se eu não falar de ti aos outros, há uma agulha pronta
para me coser os lábios: para os bordar e fazer deles napron de sofá antigo
numa casa sozinha.
para me coser os lábios: para os bordar e fazer deles napron de sofá antigo
numa casa sozinha.
Se eu não falar de ti agora aos outros, a lua vai para Júpiter
e marte recuará a sua órbita.
e marte recuará a sua órbita.
Se eu não falar de ti,
se eu não te traduzir para grego, aramaico e latim,
tu nunca saberás de nada,
nada de tudo aquilo que mora aqui.
se eu não te traduzir para grego, aramaico e latim,
tu nunca saberás de nada,
nada de tudo aquilo que mora aqui.
Prezada Inês,
ResponderEliminarestou tomando a liberdade de copiar se belíssimo poema para meu blog. Se não for do seu desejo, eu deletarei, mas ele é muito bom!
Um abraço
Paulo Abreu
Eu copiei e colei seu poema (lindíssimo) aqui:
ResponderEliminarhttps://aopedapitangueira.blogspot.com/2018/06/se-eu-nao-escrever-sobre-ti-hoje-ines.html
Sem problema, paulo! Um abraço
ResponderEliminarMuito obrigado!
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