(Para a minha tia Z., que às vezes me salva)
Talvez só haja dor e um lago de prata.
Talvez só haja dor e um lago de prata.
E no lago de prata existem peixes que falam todas as línguas,
e flores que todo o ano permanecem fechadas em si próprias
e flores que todo o ano permanecem fechadas em si próprias
para não trazerem beleza ao mundo.
Nesse lago de prata há pequenos insectos em silêncio,
que afinal não são pequenos insectos em silêncio porque têm
mãos e dedos de mão de corpo de homem
e tem pedras
que respiram sem boca
(ali as pedras respiram: mas as pedras não têm boca, só respiram).
que afinal não são pequenos insectos em silêncio porque têm
mãos e dedos de mão de corpo de homem
e tem pedras
que respiram sem boca
(ali as pedras respiram: mas as pedras não têm boca, só respiram).
No lago de prata não há morte
porque não existem corpos de verdade,
- assim como o meu e o teu,
mas há céu: há um enorme céu.
porque não existem corpos de verdade,
- assim como o meu e o teu,
mas há céu: há um enorme céu.
No lago de prata não há alimento
porque não há dentes,
nem saliva, nem palato
nem gargantas que possam engolir.
porque não há dentes,
nem saliva, nem palato
nem gargantas que possam engolir.
Mas há céu. Oh! sim, há um enorme céu.
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