No dia em que tu morreste
o chão abriu-se
e todos os mortos sairam do caixão para procurarem os seus vivos.
o chão abriu-se
e todos os mortos sairam do caixão para procurarem os seus vivos.
No dia em que tu
morreste
não houve sol
nem chuva,
nem vento porque a terra ficou muda na sua dor.
não houve sol
nem chuva,
nem vento porque a terra ficou muda na sua dor.
No dia em que tu morreste,
nenhum peixe sobreviveu à agua que se tornou veneno nas guelras,
nenhum pássaro sobreviveu à queda da carne das suas asas
cujas penugens com sangue caiam do céu.
nenhum peixe sobreviveu à agua que se tornou veneno nas guelras,
nenhum pássaro sobreviveu à queda da carne das suas asas
cujas penugens com sangue caiam do céu.
No dia em que tu morreste
ninguém cantou, ninguém riu.
ninguém cantou, ninguém riu.
No dia em que tu morreste
nenhuma mulher foi tocada por nenhum homem na cama,
nenhuma criança foi concebida.
nenhuma mulher foi tocada por nenhum homem na cama,
nenhuma criança foi concebida.
No dia em que tu morreste
era quarta-feira em Lisboa
e o tempo ficou quente no corpo dos homens.
era quarta-feira em Lisboa
e o tempo ficou quente no corpo dos homens.
No dia em que tu morreste
caíram os dedos de todas as crianças
caíram os dedos de todas as crianças
que brincavam no escorrega no parque
e todas elas choraram os seus dedos no chão .
e todas elas choraram os seus dedos no chão .
No dia em que tu
morreste
ninguém voltou para casa porque ninguém sabia aonde ficava a sua casa
(antes de morreres também eras a minha casa e eu costumava saber onde ficavas)
ninguém voltou para casa porque ninguém sabia aonde ficava a sua casa
(antes de morreres também eras a minha casa e eu costumava saber onde ficavas)
No dia em
que tu morreste
o chão abriu-se de verdade:
uma fenda rasgou o norte e o sul
e eu sentei-me para não cair.
o chão abriu-se de verdade:
uma fenda rasgou o norte e o sul
e eu sentei-me para não cair.
No dia em que tu morreste era Agosto
mas tudo sabia a inverno e a frio.
mas tudo sabia a inverno e a frio.
No dia em que tu morreste
caíram-me os olhos da cara,
e depois caíram-me as mãos,
depois os pés.
caíram-me os olhos da cara,
e depois caíram-me as mãos,
depois os pés.
No dia em
que tu morreste
os lábios dos homens colaram-se
e nunca mais o mundo teve som.
os lábios dos homens colaram-se
e nunca mais o mundo teve som.
No dia em que tu morreste
ninguém fez anos.
No dia em que tu morreste
era quarta-feira em Lisboa e
todos os prédios da cidade ruíram juntos.
era quarta-feira em Lisboa e
todos os prédios da cidade ruíram juntos.
No dia em
que tu morreste, o mundo mudou para sempre.
Marca de qualidade Inês Leitão (TM)
ResponderEliminarLembro-me de quando o MEC escrevia no se7e (sem sou velho :D)
dizer dos joy division que se fossem iogurte seriam recomendados pelo mário beja santos (defensor dos consumidores, ainda antes de haver consumidores)
Eu digo a mesma coisa do que escreves
Luis, aparece na minha peça "A Mãe". Depois diz-me o que achas.
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