Um dia explicas-me. Um dia explicas-me porque é que te foste
embora. Por que é que deixaste de existir ou por que é que nunca exististe a
sério e te deixaste criar pela minha imaginação
(podias ter-me impedido de ter sido tão ridícula)
(podias ter-me impedido de ter sido tão ridícula)
Um dia dizes-me por que raio eu.
Um dia explica-me.
Um dia explica-me.
Explica-me como é que te foste embora assim sem me levares
agarrada a ti, como é que tiveste coragem de ir com a tua pele sem mim; a deixares-me para trás, sentada na sala,
quieta e perdida, a começar a morrer com saudades.
Daquelas saudades, sabes? Das que parece que abrem um buraco
no peito para onde podes gritar como um poço: um poço preto e fundo, que de tão
real podes andar a mostrá-lo ao médico e ao mundo. Que por existir, dá pena a
quem o mostras, porque também eles já tiveram um poço igual a esse no meio do seu
peito, no lugar onde costumava ficar o seu coração.
Mas um dia o coração
voltou a crescer-lhes e tapou o poço.
Dizem que é isso que acontece aos poços do peito. Não há cimento que os vença: só coração.
Dizem que é isso que acontece aos poços do peito. Não há cimento que os vença: só coração.
Por que é que me fizeste isto se não era para ser?
Se tu não nasceste e não era para ser.
Se tu nunca exististe e não era para ser.
Se tu não nasceste e não era para ser.
Se tu nunca exististe e não era para ser.
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