segunda-feira, 2 de julho de 2018

O teu corpo era uma frase bonita



Hoje acordei com saudades tuas: nós na tua cama nus no escuro, a olhar para o tecto como se ele dissesse coisas aos nossos olhos vivos.

 Se houvesse uma imagem nossa congelada no tempo era essa: a minha mão perto da tua, a pedir para ser tocada, e os nossos  olhos dentro do breu a olhar o tecto do teu quarto: nós com olhos de quem em vez de cal via amor dentro daquele escuro todo
- eu gostei tanto de ti ali deitado e nu

o teu tecto branco,
o teu tecto branco a dizer-me veste-te e foge e a minha mão a pedir a tua mão nua, segura e sem medo
- tu nunca tiveste medo (ou foste tão bom a escondê-lo)



O teu corpo e os teus olhos eram uma frase bonita e tu sozinho és um poema inteiro: um poema inteiro.



Um dia deste juro que te digo adeus.



Quem sabe amanhã, se o meu corpo deixar e os meus olhos não morrerem.

Adeus.




eric lacombe - image

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Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença

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