terça-feira, 28 de agosto de 2018

Da eternidade dos dedos



(Para M. com todo o meu amor)




devia ter-te dito que
os meus lábios conhecem a tua pele de outro Tempo
e que lhe dizem coisas enquanto a toco.



que se colar os teus dedos na minha boca
e a souber arrastar delicadamente pelo teu braço,
o meu cheiro é o teu,
o teu o meu.



que se tombar no teu colo,
sei que o teu corpo resgataria os meus ossos da morte
com a luz que iria buscar
- sem medo -
à água do deserto do corpo dos vivos.


devia ter-te dito que o formato do teu corpo,
a linha dos teus ombros tocados pelo sol,
são meus desde o momento da Criação.


(eu a saber que o meu corpo precisa tanto de ti.
eu a saber que queria tanto ter-te.)




image: Eric Lacombe

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Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença

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