sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Carta a Ophelia






Querida Ophelia,




Escrevo-te na noite porque é no silêncio das paredes que eu te vejo e te oiço a cantar junto ao ribeiro.
Tens flores nos cabelos, a face rosada e a testa larga como a minha.Tenho escrito sobre ti e sobre como te sentiste quando Shakespeare te criou para um fim letal e trágico.

Shakespeare ter-te-à dado a vida mas eu prometo repor a verdade.
Vou falar de ti e do que me confidencias quando eu ando por Lisboa a pé. Tu de branco, num vestido longo, descalça e bela: e eu da saia curta e boina vermelha. O vento fica-te bem no cabelo e eu sinto-me feliz por te ter como amiga. Somos amigas, não somos, Ophelia?

Às vezes dás-me a mão.Tens mãos frias e magras e a Elizabeth Sidall é parecida contigo; o Millais tinha razão.
Que fique escrito que me sinto menos sozinha quando tu vens.
Que fique escrito que a nossa amizade nasceu.



Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença

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