sábado, 29 de julho de 2017
Cuspo
Dizem que quando morremos o sol se transforma num enorme espinho de mar sem tecto; porque sem chão e porque sem sitio para sentar já que só a palavra diz a morte.
Dizem que quando morremos deixamos de dizer olá para dizer adeus, e o adeus é um veneno letal no outro; no outro que também morre mas fica mais um pouco.
Dizem por ai que vais atravessar o sol daqui a pouco, quando o relógio disser Tempo; e quando o relógio disser Tempo nunca mais se faz abraço.
Dizem que um dia quando morreres te vou esquecer como se a memória me falhasse de ti, assim como esquecemos de trazer o esparguete para casa - mesmo tendo escrito na lista de compras do supermercado a sua falta.
Eles dizem.
Mas eles não sabem nada de nós.
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Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença
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INÊS LEITÃO nasceu a 1 de Julho de 1981 em Lisboa. É licenciada em Estudos Anglo- Americanos pela Faculdade de Letras da Univer...
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