terça-feira, 22 de maio de 2018

Do dia do nunca mais









Sou eu própria a fazer isto comigo, sabes?
Eu sei o que acontece a seguir se me faltarem as forças agora.

As cordas à volta dos pulsos e da boca fui eu quem as posicionei no meu corpo 

sozinha,

 enquanto os meus dedos da mão esquerda me caiam ao chão de  tanta pena que tiveram de mim,

eles a caírem inteiros, 

desde o osso que se desossou para se deixar sucumbir morto ao chão, à laia de suicídio de dedo
(eu a precisar tanto que os meus dedos me ajudassem a dar o nó na boca porque ela quer falar-te e dizer-te coisas bonitas; e eu sem puder, eu a tapar-me)

por mim, por não pudermos ser

Os dedos da outra mão e os dentes que me faltam foi por fazer isto comigo uma vez em que houve isto também.

Por fazer aquilo do impossível: desamar,
para nunca mais ter de passar perto da casa onde mora a dor.

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