sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Do Limbo



É aí, nesse lugar onde os homens comem os dedos
que nos fazemos gente.


Aí, onde o canto do inferno começa
onde só os gritos cantam,
choram
e dançam:
aí em baixo onde habita a dor que não tem nome nem fim.


Nesse lugar onde os homens provam as unhas das mãos com fome,
cuspindo restos para o chão,
também se estende a hóstia que salva as almas magras e débeis,
as almas daqueles cuja boca nunca se abriu para pedir salvação:
o último dos redutos.


Porque é a comer a carne que nos fazemos gente:
e não pássaros que sabem do sol.








1 comentário:

is anybody out there?

 Passaram-se mil anos e uma eternidade. As árvores agora  nascem na água, as crianças da terra e eu não sei de onde vim.  Há sempre esta esc...