sábado, 30 de janeiro de 2021
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
Quase um mês
Querido padre João,
Bem sei que ai no Céu não há tempo, mas aqui passou quase um mês.
De facto, nem tive tempo para chorar convenientemente a sua partida, se lhe dissesse que trabalhei quase dois meses ininterruptamente não sei se acreditaria... mas ai no Céu é possível ver para trás, e eu sei que sempre soube que eu era uma máquina de trabalho.
Evito que falem de si perto de mim - digo claramente que não quero falar e imponho-me. Aguento-me até onde é humanamente possível.
Não liguei cobardemente à sua irmã este Natal, não estou preparada. O nosso reencontro no seu velório não foi aquilo que treinei: desmanchei-me a chorar no colo dela e devia ser o contrário, não era? eu aguentar para ela chorar no meu. Não fiquei para o beija-mão do seu funeral porque nunca fui disso e eu só tinha ido a Aveiro para me despedir de si e termos uma conversa séria: ainda não percebo porquê, não podia ter esperado por mim só um bocadinho mais, sabe? eu ia vê-lo quando estivesse tudo gravado e tudo pronto.
Mandei-lhe flores e sei que não fez ideia que eram minhas, mas não faz mal. Faria tudo de novo para tentar que se lembrasse de mim. Ou não, porque eu lembrava-me do início da nossa amizade e para mim, fosse o seu corpo aquilo que fosse, ia ser sempre um dos meus melhores amigos e o resto é a nossa história.
Pensei que haveria tempo para ir vê-lo, sabe? Acho sempre que há tempo e às vezes não há. Eram só mais duas semanas para eu me plantar à porta do lar até que me deixassem entrar, mesmo que não soubesse quem eu era, eu sabia quem o Pe. João era e estava pronta para fazê-lo recordar-se por que razão me tinha escolhido para receber a sua enorme amizade, tão provada em tantos momentos.
O caixão estava fechado por isso só tive oportunidade de me despedir de si com um beijo numa madeira fria e distante, longe dos nossos cumprimentos felizes e das nossas risadas.
Reconheci em si e reconhecerei sempre, um super-herói. Daqueles que põem a capa na cadeira da mesa da cozinha para jantar e depois voltam a colocá-la para sair.
Eu fiquei vazia, mas o mundo ficou indefinidamente mais pobre e pequeno e triste.
p.s: guardei as suas sms e os seus e-mails. Para puder tê-lo mais perto nos dias em que tiver mais saudades. A Porto Editora nomeou hoje a palavra "Saudade" como a palavra do ano.
p.s2- soubesse eu que o último encontro da Pastoral seria a última vez que estaríamos juntos.
Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença
ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
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INÊS LEITÃO nasceu a 1 de Julho de 1981 em Lisboa. É licenciada em Estudos Anglo- Americanos pela Faculdade de Letras da Univer...
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ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
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porque eu já não sei escrever. -as minhas unhas, os meus dedos, a minha boca já não sabem escrever. já não sei escrever. -os meus olhos,...