quarta-feira, 23 de julho de 2025

Todos me prometem que sim

 

Meus queridos, 

é como se nos abrissem o coração. Como se uma equipa de médicos se dedicasse a colocar veias nos sítios certos comigo acordada, a ver, sem anestesia, nessa sala de operações clean e desinfetada, com médicos que não falam comigo enquanto me salvam: há qualquer coisa disto tudo que estou a viver com vocês assim, como se andasse de peito aberto na rua, com um buraco por não vos ter aqui. Por vos ver ir.

Espero que um dia este buraco gigante se feche.

Todos me prometem que sim.




(Mangualde quando Mangualde era meu, 1984)

sexta-feira, 4 de julho de 2025

is anybody out there?


 Passaram-se mil anos e uma eternidade. As árvores agora  nascem na água, as crianças da terra e eu não sei de onde vim. 

Há sempre esta escrita que me salva na noite: eu a ver-me evaporar ao lume do trabalho, limpar com CIF os meus próprios vestígios de dor.

Não sei se os meus pés aguentam o mundo debaixo deles mais sem explodir. Não sei se ainda sei escrever como antes quando o prato era poesia, poesia, 

poesia.

Não sei, juro que não sei. Mas escrever costumava salvar-me. 
E às vezes eu precisa de ser salva.

Todos me prometem que sim

  Meus queridos,  é como se nos abrissem o coração. Como se uma equipa de médicos se dedicasse a colocar veias nos sítios certos comigo acor...