Debaixo do meu corpo vive uma mulher.
Debaixo do meu corpo vive uma mulher magra de 35 kilos.
Debaixo do meu corpo encolhe-se entre os meus órgãos uma mulher de pernas pequenas que estreita magreza pelos braços até às mãos.
Debaixo do meu corpo vive uma mulher de meia idade, de olhos grandes e azuis de vazio,
sem sobrancelhas feitas de pêlos ou de desenhos a lápis.
Debaixo do meu corpo vive uma mulher sem seios
(dois altos de pele murcha à laia de figo mastigado)
sem sexo
(apenas uma curva de corpo ausente de pêlo ou fenda)
e sem mundo
ardente do cheiro das coisas
a morrer dentro da sua cabeça.
Debaixo do meu corpo vive uma mulher que não come, não bebe
e é amplamente calva na unidade que é a sua pele.
Debaixo do meu corpo vive uma mulher.
Gosto de chamar-lhe Lídia.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Querida V.
Não sei nada de ti e são 4h00 da manhã. Não sei como as mães sobrevivem sem saberem dos seus filhos e não sei em que escola isso se apren...

-
INÊS LEITÃO nasceu a 1 de Julho de 1981 em Lisboa. É licenciada em Estudos Anglo- Americanos pela Faculdade de Letras da Univer...
-
ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
-
Estreia dia 29 de setembro, dia mundial do Migrante e do Refugiado 21h15 RTP Àfrica
Sem comentários:
Enviar um comentário