domingo, 21 de julho de 2013

O meu amor vem dos ossos








                                                                  (Eric Lacombe)

O meu amor vem dos ossos;
não tem fidalguia
nem respira o cheiro da prata
 porque o meu amor é impuro.

O meu amor não é dia
porque é tempo; e nele não existem horas,
 nem minutos, nem segundos:
o meu amor é um tempo no mundo que rejeita a música dos ponteiros.




O meu amor cresce para dentro
e a única coisa que  deseja profundamente é o teu corpo
e tudo o que existe depois dele.

O meu amor é um sentido
(como o cheiro ou o tacto)
e nunca será um erro:
ele constitui-se como propriedade privada
sem direito de herança.


O meu amor vem dos ossos
e é tempo
e medo
e flores a crescer dentro da cara:
mas às vezes o meu amor também é noite escura.
E aí, só aí,
sabe fazer ranger todas as pedras do mundo.

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