quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Catavento, irmão do vento
Se me tivesses morrido tu a mim há pouco tempo
(ou depois do tempo muito)
não haveria dia depois do outro,
não haveria sol,
nem chuva
nem nuvens a passar puxadas a vento
porque deixaria de haver céu e olhos que o vissem
[olhos arrancados pelos dedos doentes]
e deixaria de haver dia
horas,
noite,
tempo,
segundos,
para sobrar uma existência inteira de pregos pregados aos ossos das costas
e lábios colados um ao outro pela secura da pele,
pela ausência de palavra
[deixaria de haver motivo para falar]
Se me tivesses morrido tu a mim há pouco tempo
(ou depois do tempo muito)
os meus pés negar-se-iam ao movimento
[um não seguiria o outro]
e eu arrastar-me-ia pela rua a dizer adeus aos vivos: aos restantes.
(por que é que sempre ficam os que sobram?)
Se me tivesses morrido tu a mim há pouco tempo
(ou depois do tempo muito)
não sobraria membro ou recorte:
apenas cinza, dor e morte.
(Eric Lacombe)
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Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença
ler aqui: https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/
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INÊS LEITÃO nasceu a 1 de Julho de 1981 em Lisboa. É licenciada em Estudos Anglo- Americanos pela Faculdade de Letras da Univer...
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porque eu já não sei escrever. -as minhas unhas, os meus dedos, a minha boca já não sabem escrever. já não sei escrever. -os meus olhos,...
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