Querida V.,
Tive o parto que sempre pretendi e nasceste de uma forma tranquila e bonita.
Não eras um bebé enrugado e feio como todos os recém-nascidos normalmente são mas eras uma bebé de olhos gigantes e rechonchuda.
Tive sorte por me escolheres como mãe. Penso nisso todos os dias mesmo que chegue o dia em que te tornes uma adolescente insuportável e eu berre contigo: vou gostar de ti mesmo que batas com as portas malcriadamente e eu tenha de te castigar. Fará parte.
Como agora faz parte conhecer-te, amar-te e cantar para ti.
O teu pai canta-te as músicas dos mamonas Assassinas para dormires e eu não sei bem o resultado que isto terá na tua personalidade, mas enfim. Também te ponho a ouvir Pixies desde a barriga, por isso vamos ver.
Tive um pós-parto difícil mas tu tornas-me uma pessoa melhor.
O teu pai adora-te um bocadinho mais todos os dias e contigo aprendemos a ser uma família, de alguma forma vieste ensinar-nos também isso.
Em breve volto ao trabalho e não sei como viver todo o dia sem ti. Tornaste-te um apêndice , uma terceira perna minha, um terceiro braço.
Ou como diz o Sérgio Godinho, és "em baixo outra asa".
Que viagem, querida bebé.
Que saibas sempre que és amada todos os dias mais.
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