(carta nº 1, a última)
Afoguei o que restava das nossas memórias num balde água quente. A paciência de um afogamento individual,
quieto
tranquilo
de memória a memória
(uma a uma,
dor a dor)
até ao alinhamento rigoroso de todos esses pequenos cadáveres retirados mortos do balde,
mortos
molhados
quentes
deitados em fila no chão da cozinha até à solenidade do seu enterro.
E estranhamente.
Tão estranhamente, toda a água que escaldava no balde e me ajudava a cada execução por afogamento, não terá sido suficiente para me queimar as mãos.
Não vejo queimaduras. Não restam marcas.
No fundo, é como se nunca tivesse acontecido.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
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ADORO o aspecto gráfico, a Tori Amos e os poemas.
ResponderEliminarBeijinho