(para a minha avó)
O Inverno trouxe osteoporose às árvores. Elas, magras e tristes, arranjam as unhas no jardim tentando esquecer a morte.
A de dedos,
B de boca
C de morte
quando as árvores do jardim da minha casa sentem a morte, pedem licença para se irem deitar
A de sombra,
B de dor
C de sorte
- foi com a avó que eu descobri que as senhoras do cemitério do Benfica se deitam todas à mesma
hora, que nenhuma das que ali mora sente medo do escuro ou se deita depois da novela.
A avó dizia que as árvores do cemitério dançam com o vento às escondidas e que pintam os
lábios de vermelho antes das nove horas da manhã: querem estar bonitas para os que ali chegam desconsolados.
Hoje, a única coisa que duvido, é que tu te deites à mesma hora que os outros.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
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