As minhas mãos ficaram em cima da mesa da pastelaria,
apertando-se,
enroscando-se,
suando o que nos disseste quando saiste
- é o diabo: o diabo a tentar-me o corpo, a vir atrás de mim vestido de pés e mãos e pele de homem
as minhas mãos esquecidas na mesa, as migalhas do bolo,
o chá e os meus olhos a pingarem da cara sem eu querer
- as mãos e os pés do diabo a fazerem-no passar -se por um homem de bem, de gravata, erecto: os olhos do diabo a saberem onde eu estou, o lugar do meu corpo longe da mesa da pastelaria
As minhas mãos esquecidas na mesa imobilizadas pela dor, agarradas uma à outra a tentarem salvar-se, amparadas, como irmãs.
As minhas mãos a acalmarem-se, a pagarem a conta e nós a irmo-nos dali.
Dali.
Para sempre.
sexta-feira, 9 de março de 2012
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