Dos dias grandes. Dos dias grandes em que acontecem coisas
boas. Dos livros novos, daquilo que um livro novo pode trazer.
Dos dias grandes, do teu corpo e de mim. Das saudades que tenho tuas e minhas e
das coisas que fazemos juntos quando o teu olhar fala comigo e me diz coisas
bonitas
(o teu olhar diz coisas tão bonitas).
Dos dias grandes em
que citas poetas, dos dias grandes em que te vejo brilhar. Dos dias grandes em
que alguém morre e tu és colchão da cama, o colchão que empurramos, agarramos e
apertamos num desespero indizível.
Dos dias grandes, dos dias em que escrevemos textos só para
sabermos que os dedos estão vivos e que o amor a sério é para pessoas grandes.
Dos dias grandes em que planeamos a vida e a vida sai ao
contrário porque ela não gosta de ser planeada.
Dos dias grandes em que olho para ti e me vejo, dos dias
grandes de uma casa e uma cadela.
Dos dias grandes que não trazem nem morte nem frio, dos dias grandes onde
dançamos juntos com os teus pés.
Dos dias grandes que não têm fim e que são semente para
outros dias grandes.
Dos dias grandes em que te tenho para mim, sem saber se
mereço tanto.
E é isto.