domingo, 7 de fevereiro de 2016

A terra vazia





Somos nós aqui de novo na minha cabeça. Tu e eu sentados na mesa e tu,
- queres ver os meus ossos?

Não sei onde tinha deixado os olhos antes da tua pergunta e tu,
-olha aqui

Tu, como se de um juramento se tratasse, pousaste a tua mão na mesa. E deixaste de ter rosto e corpo e eras apenas a tua mão a olhar para mim.
Tinhas dedos deformados como ramos de árvore
- queria dizer-te que os teus dedos eram árvores bonitas de tortas mas
( eu perdida  porque contigo parecia haver chão ou seria só eu e a minha cabeça cá dentro)


O tempo a durar pouco no relógio, todos à nossa volta congelados com comida na boca até tu ires para o sol e eu entrar no vento
(eu entrei no vento)

Eu. Eu a achar que se a algum de nós faltasse parte, era eu quem seguia desossada.


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Entrevista - Alentejo Calling - Rádio Renascença

  ler aqui:  https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/09/24/migrantes-ajudam-a-construir-um-alentejo-absolutamente-novo-e-povoado/394895/